sábado, 20 de fevereiro de 2010

Aos copos

Aparentemente estava tudo bem, nada de mais me acontecia, assim como nada me menos também, estava normal. Eu estava bem. E estar bem me faz ficar melhor ainda, apenas pelo fato de saber que estou bem. O que me aconteceu hoje talvez tenha sido uma linda obra do destino e ainda não sei por onde começo a tecer a história, os fatos, todo o acontecido.
Uma tormenta em minha cabeça, algo que atinge o meu limite de pensamento e de entendimento, para qualquer outra pessoa isso talvez não seja nada, e então eu de ante mão aviso: "não leia se você não tem a capacidade de sentir". Quando escrevo sentir, me refiro ao entendimento máximo que essa palavra tão pequena pode designar. E aqui ela sempre designa tudo aquilo que a própria representa, amplamente falando, outra vez alerto.
Em permanente luta comigo mesmo, eu vou aprendendo enquanto me puno por aquilo que ainda não aprendi. Hoje tive que sair de casa e resolver alguns problemas por ai, problemas estes que não vem ao caso, já que não me levaram a qualquer lugar do entendimento humano no qual eu ainda não tivesse ido e voltado, e até, quem sabe, ido outra vez, e mais outra, e tantas vezes quanto se fizessem necessárias as minhas idas e voltas por lá.
Ao sair de casa me deparei com um ex-amigo, que na verdade nunca foi meu amigo, na estação de ônibus, ao vê-lo me surpreendi - já que lembrei-me do sonho na noite passado do qual ele fazia parte - parece que meu espírito estava me avisando o nosso (re)encontro - apertei-lhe a mão, trocamos um sorriso e eu entrei no ônibus, o qual estava prestes a seguir viagem, por motivo algum deveria perdê-lo, não o perdi. Lá de dentro observei meu amigo-não-amigo mais uma vez e fui-me embora com o partir do tal ônibus. Por ter ido, e não ter permitido que meu pensamento absorvesse tudo o que me impus de uma só vezm carreguei o meu amigo-não-amigo no pensamento por umas horas do meu dia, inclusive ele ainda está aqui comigo, me fazendo lembrar o passado, que é bem recente.
Ainda hoje expus-me a outra aprendizagem, e outra vez castiguei meu íntimo com muita informação em pouco tempo, e por castigar meu íntimo dessa forma, acabo castigando a mim mesmo fisicamente, eu vou me cansando. Na volta pra casa, me deparo com um deficiente físico dentro do ônibus pedindo alguns trocados para o seu sustento, eu dei-lhe uma moeda, sempre dou-lhe algo, exceto quando visualmente percebo embriaguez, e fazia alguns dias que não dava qualquer valor para um pedinte, não me sinto bem ao dar uma esmola a outra pessoa, mas me sinto meio que responsável por sua situação, estou ciente que sua atual condição é fruto - na maioria das vezes, e nesse caso que descrevo o é - da exslusão que nós mesmos impomos ao outro. Após o momento, olhei para o lado e percebi uma mulher emocionada, ela também havia dado ao pedinte uma ou outra moeda. Ela quase que chovara parece que sentia a dor do outro no seu corpo, parece que os dois compactuavam do mesmo sofrimento, isso já me aconteceu, e eu que também sofria junto com aquele homem deficiente deixei-o de lado e fui sofrer junto daquela mulher que me parecia levar uma vida de classe média baixa, ele sofria por ele mesmo e sua dor, ela sofria junto com ele, e eu me peguei sofrendo junto a ela. Foi uma dor compartilhada, essa dor porém, não foi possível vivê-la tão profundamente agora mesmo já não sofro nem pelo pedinte nem pela mulher, outras vezes compartilhei a dor de uma pessoa ou outra por dias, hoje não.
Hoje, agora, nesse mesmo instante sou apenas eu e eu mesmo, nada além disso. Isso não é egoismo, é que não posso abraçar o mundo por completo, e se tomar a dor dos outros não terei tempo para mim. Em mim agora, não há espaço para o meu amigo-não-amigo que revi hoje por obra do destino, nem para o pedinte e nem para a mulher. Hoje, eu quero apenas eu mesmo. E estou me tendo por completo.
A vida nos permite aprender, justamente onde achamos que devemos ensinar.

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